quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Inércia

Em quantos badalares infernais
De quantas horas matinais?
Segredos supérfluos de vontades vãs.
Inexistência.
E, quantas palavras lançadas sem peso?
Descontentamento assolador,
Tinindo fervorosamente de ira,
Por pensamentos de pessoa retilínea.
Em apriscos, em morada, em ermos.
Recitá-los, sem abuso de termos.
Os impassíveis, egocêntricos até a alma,
Gritam apetecendo falsas amadas.
O céu, a terra. O dia tão inerte.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Tristeza Raivosa

O meu olhar demonstra uma tristeza raivosa.
Nem tente me entender, você é muito superior a mim.
O meu ódio deprimente não pode ser compreendido por alguém que me causa angústia.
Eu choro a beleza da torpe menina que sou,
E eu tento acatar as leis que falsamente me fazem sorrir.
Eu mato o meu coração a cada não amar de minha consciência.
Eu odeio demais, quando não se tem motivo.
Então tento não mais opinar, não mais dizer o que penso.
Afinal, tudo o que se passa em minha mente nunca é correto o bastante.
Tornar-me-ei um inerte fantasma,
Que não vê, não ouve e não fala.
Serei o ser perfeito, que não age, não vive, que não existe.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Solidão Insana

Em meu passado revoltoso, fase de imensa solidão – humana -, lá sempre esteve minha amada e provavelmente única companhia, sim, um animal, e por ela estar lá hoje percebo que em épocas sombrias algo – por mais minucioso que seja – nos traz digamos que motivação. Olhando para o que acontecera, afirmo que a solidão nos leva a idéias insanas e a pensamentos fantasmagóricos. Hoje, neste dia de ar primaveril e céu outonal, observando meu casal de pássaros, me sobrevém uma sensação de angústia, pois agora me são inspiradoras aquelas criaturas perfeitas, embora me agredindo - talvez por medo – as amo e sutilmente ironizo meus sentimentos de coração bom, afinal conheço meu íntimo e minhas reações infanto-psicóticas. Uma loucura qualquer de um dia sórdido, minha dor, melancolia, ou qualquer coisa que me faça reagir insana e inconseqüente leva-me a repudiar minha torpe existência. Hoje, hoje refiro-me a mim como o prelúdio de uma vida conturbada e inquieta de uma mente não definida. Hoje não quero dar mais motivos de desencanto, liberte-me salve-me, ainda sinto o seu calor... distante.

Almas Fantasmais

Certa noite, quando a insônia me venceu, raivosa vesti-me e saí sem rumo. Não, não tinha planos para aquela maldita noite, caminhei por horas esperando que o dia nascesse e assim meus rotineiros afazeres, porém, aquela noite estendia-se como se fosse eterna, tornando-se cada vez mais débil. Continuava eu frenética e em busca de respostas – não havendo perguntas. Quando minha jornada tornou-se ridícula e pondo-me a retornar, algo chamou minha atenção, no céu uma estrela de brilho purpúreo parecia mover-se de forma estranha, decidi ‘segui-la’. Minha suposição era verdadeira, a estrela servia-me como bússola para algum lugar a qual eu não conhecia. Prossegui até um parque – deserto – onde a estrela desapareceu, fiquei a procurá-la e novamente sem rumo percorri cada canto daquele local em busca do porque de eu estar lá, do motivo de algo haver-me conduzido para onde nada relevante existisse. Avistei então um lago semicristalino, causando-me uma sensação de paz, sentei em um banco que o beirava, fitei as flores caídas na água, observei então a lua, quando voltei meus olhos para o lago vi o reflexo de um homem, levantei-me e ele caminhou até mim – não mais havendo obstáculos entre nós. Olhamos-nos hipnotizados, os únicos movimentos presentes naquele momento eram o piscar de nossas pálpebras e nossa respiração. Aquele homem era inexpressivo, mas em seus olhos havia alma, alma que eu via alma que eu tocava. Prosseguimos inertes, então o sol nasceu, as aves cantaram, as pessoas acordaram, continuamos ali parados, nossas almas, nossos agora fantasmas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Maldição de Cândice Morgan

Muitos acreditam que ela seja dona de tamanha pureza capaz de conquistar a admiração do mais íntegro e poderoso rei.
O diário de Cândice Morgan.
25 de janeiro. Hoje o dia foi agradável, a brisa que soprava em minha pele era a mais tênue possível. O ar puro convidou-me para um passeio pela floresta que beira meu quintal. Aproveitei para banhar-me nas águas doces do belo rio, o local é fabuloso e a relva verde reluzente capaz de momentaneamente mudar a cor de meus olhos. Os pássaros cantando juntamente com a água que dança forma um encantador espetáculo. Recostei-me sobre uma enorme pedra enquanto meus pés ainda tocavam a água, adormeci. De repente fui desperta por um homem, afastei-me. Notando minha insegurança – pois o era desconhecido – apresentou-se tranqüila e delicadamente: - sou o senhor Robert Ryller, perdão se lhe causei má impressão, avistei-a dormindo e preocupei-me por pensar ter ouvido caçadores e, minha senhorita, culpar-me-ia até o último átomo de minha existência se a deixasse solitária e os caçadores a encontrassem, hoje em dia este local não mais é seguro, aconselho que não venha à floresta desacompanhada. Mais calma dialoguei dizendo-lhe sobre minha gratidão e sobre o fato de eu não haver ganhado conhecimento dos perigos desde local, porquanto resido nesta cidade há pouco tempo e não ouvi tampouco li sobre seus riscos. O fato constrangedor ocorreu quando lhe perguntei: - o senhor reside à... Cerca de seis anos. Interrompeu-me com sua resposta já preparada, observando-me de uma maneira a qual me deixou sem graça. Percebendo minha reação, falou-me desajeitada, porém firme: - perdão pela minha indelicada deselegância, temo não ter-lhe causado boa impressão alguma pela minha forma de abordar-lhe e por ter lhe interrompido – solerte exclamou. Oh minha senhorita, sua presença me é agradável ao extremo, porém tenho de ir, receio ter tomado muito de seu precioso tempo. Permita-me perguntar seu nome?... Antes de cumprir com seu compromisso, o Sr. Ryller fez questão de acompanhar-me até minha residência. Com toda a certeza, Robert – se não for ousadia chamá-lo assim – é um cavalheiro. O restante de meu dia foi tranqüilo e curioso quanto aquele homem. Oh, já é tarde e em breve o sono virá assolar-me. Que o Senhor Poderoso abençoe-me. Boa noite!
O diário de Robert Hyller.
25 de janeiro. Acordei como se houvesse um vazio em mim e o mesmo tivesse devorado minha personalidade, apenas me vinham pensamentos vagos. Após o desjejum saí sem rumo e fui-me. Entrei em uma floresta onde a calmaria reinava, era o que eu necessitava naquele momento. Caminhando por entre as árvores vislumbrei uma cachoeira tão pequenina e reluzente, então avistei algo que me hipnotizara doce e bravamente, uma jovem moça, fiquei ali parado contemplando aquela magnífica criatura adormecida. Sua pele clara e suave lembrou-me o toque das mais acariciantes rosas recém colhidas. Quem dera ser eu o sol naquele momento para assim banhar as breves e belas curvas de seu corpo juvenil por sob as vestes ainda úmidas. Seus lábios levemente avermelhados pareciam seduzir-me. Ouvi barulhos – quebrando o encantamento – e pensei na possibilidade de haver caçadores por perto, a idéia não me era agradável visto que soube de um boato – ou real história – de uma criada que ao colher frutos para sua senhora teve o desgosto de encontrar com aqueles maus homens, eles a violentaram. Portanto não hesitei em acordar a moça e explicar-lhe que não era seguro para uma donzela manter-se solitária pela floresta, senti-me entorpecido pela imensurável doçura de tal ser. O resultado foi a minha má forma de portar-me, sendo indelicado e deselegante, me senti um perfeito truão. Para concertar a má impressão que causei amanhã pela manhã a senhorita Morgan receberá algo, estarei ansioso até sua resposta.
O diário de Cândice Morgan.
26 de janeiro, pela manhã. Estou extremamente disposta hoje, o sono restaurou minhas forças e meu ânimo. Acordei com o perfume das rosas que me foram deixadas em meu quarto. Depois de minha higiene desci para o desjejum e encontrei sobre a mesa um lindo ramalhete de copos-de-leite, junto a ele havia um convite e um bilhete manuscrito, ambos para mim. O bilhete dizia:
“Srta. Morgan,
Como pedido de sinceras desculpas convido sua família para unir-se a minha em um jantar de boas vindas.
O dia e horário estão no convite, peço confirmação. Quanto ao local não se preocupe, meu chauffeur os apanhará.
Respeitosamente, Robert Hyller.”
Oh, quanta gentileza! Esperarei até o chá das 17 para expor o acontecido e o gentil convite aos meus pais. Pelo o pouco que vi, Robert é extremamente ponderado e conseqüente. Quanto ao físico: altura mediana, robusto e garboso – possui a postura e presença de um soberano – sua fisionomia demonstra quase precisamente as marcas da idade, aparentando uma década e meia a mais que a mim.
Pela noite. Contei a meus pais sobre o convite e o porquê dele, eles aceitaram de bom grado, porém ficaram desconfiados. Encerrarei meu diário por hoje, tenho de descansar, amanhã meu dia será ocupado com aulas de piano e horas com minha linda e brava égua Fúria.
2 de fevereiro. Acordei assustada por conta de um pesadelo. Havia nele uma criatura indescritivelmente horrenda e uma moça que possuía sórdido horror em seu semblante. Há dias meus relatos são breves, hoje não deixará de ser! Amanhã terei muito a escrever. É hora de arrumar-me para o jantar, até amanhã!
3 de fevereiro. Realmente há muito a contar, começando pelas flores que o chauffeur entregou-me ao buscar-nos. A mansão é esplêndida, a família cortês. O jantar foi maravilhoso, os pais de Robert nos deixaram demasiadamente à vontade, porem em meio aquele ambiente alegre e abençoado por Deus, senti-me estranha, como se um sentimento de pavor levasse meu coração de mim. Sai da sala onde estávamos – após o jantar – meus olhos tornaram-se inexpressíveis e minha pele gélida, fui em direção à janela em busca de ar, vi um vulto passar detrás de mim, desmaiei. Acordei com o calor dos braços de Robert e com o toque de seus lábios nos meus. Declarou-se para mim em desespero como se fosse atingido por um raio de desejo e amor, pediu-me para que o aceitasse como meu homem, meu vassalo. Confesso ter me surpreendido, mas o senti tão vivo e real, parte de mim. Eu, deitada em seus braços, o quis. Logo minha amada mãe foi me procurar, pois havia percebido – todos haviam – que não fora saudável a maneira como me retirei da sala. Viu-me recostada sob os braços de Robert, que me beijava. Por um momento minha mente sentiu sua presença e não somente ela estava ali a observar, o vulto também se fez presente. Voltamos para a sala onde contamos sobre meu mal estar, quanto ao que houve entre Robert e eu ainda é segredo. Minha mãe – embora áspera – sabe esperar. Estou tão cansada que creio ver meu reflexo no espelho, mas a distância e posição não permitiriam o reflexo de minha imagem nele, o sono nos causa visões absurdas! Boa noite, meus amados Deus e Robert!
O diário de Robert Hyller.
2 de fevereiro. Graças a Deus por este abençoado dia! Hoje posso afirmar – mesmo precipitadamente – que sou um homem completo. Sim, sou um homem apaixonado! Confesso que o mundo torna-se irritante com seus inefáveis imprevistos, mas quando eles se referem ao coração, ah, nos modificamos e assim passamos a abençoar esta vida efêmera. Em menos de duas semanas conheço uma moça e repentinamente nos apaixonamos, o fato insólito é o de estarmos firmes em um relacionamento sério – mesmo que em segredo – sendo que nos encontramos apenas três dias, além do primeiro a qual nos conhecemos. Tenho de mencionar o que de estranho aconteceu ou pensei haver visto. O jantar ocorreu perfeitamente, nossos pais mantiveram uma conversa calorosa tornando-nos duas famílias amigas. Enfim, tudo ocorrera bem até o momento em que minha Cândice saíra correndo em prantos silenciosos, não me importei com o que seus pais pensariam – estava eu estarrecido – então fui a sua procura. Deparei-me com ela caída próxima a janela e – inacreditavelmente – um vulto sobre ela. Gritei seu nome e o vulto afastou-se voltando sua fronte para mim, corri para protegê-la e o vulto dissipou-se. Semelhante a um anjo Cândice abriu seus olhos e ali pude perceber a mansidão de meus sentimentos por ela. Expus o que sinto sem medo. Sua mãe chegou e viu-nos, com um tênue sorriso nos conduziu a sala. Ocorreu discreta e normalmente a continuação de nossa reunião, inegavelmente todos haviam percebido nosso envolvimento emocional. Em questão aquele vulto - alego insanidade - mas era real, porquanto sua presença nos acompanhou até o término de nosso encontro familiar.
15 de fevereiro. Tenho passado dias maravilhosos na presença de minha amada, sua família é para comigo adorável e atenciosa. Ontem a visitei e seu pai convidou-me para uma conversa, concordei e para minha surpresa ele ofereceu-me a mão de Cândice em casamento! O que esperar de pais que seguem costumes rigidamente se não esta atitude, apenas não esperava que fosse ocorrer tão rápido! Vê-se em meus olhos o quão gritante é minha felicidade. Creio que minha amada pode estar sendo assolada por algum tipo de moléstia, sua mãe me disse que ela tem dormido mais que o normal – muito mais – sendo que não é de costume, e, quase sempre a pobre tem pesadelos carregados. O que será que a preocupa, causando-lhe estes pesadelos? Outro fato estranho é o de que Cândice não controla seu sono, dormindo em média dezesseis horas por dia e nas outras oito lutando para não adormecer, isso é preocupante. Espero que essa sonolência não traga seqüelas. Após este breve relato irei novamente para a casa de minha agora noiva, Cândice Morgan.
O diário de Cândice Morgan.
20 de fevereiro. Talvez este seja o último relato de minha vida, tentarei ao máximo expor o que vem acontecendo comigo. Quem ler este diário verá o horror que tenho passado, deixo junto a ele duas cartas, uma para meus pais e uma para meu amado Robert. Desde meu mal estar na casa de Robert minha vida foi arrancada de mim. Sei que não está claro, mas farei o possível – até quando me for possível – para que compreenda. Anteriormente em meus relatos escrevi sobre um vulto e sobre senti-lo, infelizmente não era um lapso de minha mente. Em meus sonhos Vince sempre me convidava para seu mundo, com propostas incessantes não desistindo de convencer-me a me entregar. É ele um ser frívolo e com olhos purpúreos de ódio, suas mãos ásperas me prendem sempre quando tento acordar. É ele um ser que me causa repugnância tamanha capaz de criar nele o desejo de me possuir. Não sei o porquê de ser eu a escolhida, mas – em um processo mórbido e progressivo – não há mais como eu descansar, definho a cada noite e não somente à noite, Vince domina-me gradativamente mais. O sono, antigamente me servia como regozijo e paz, hoje é uma prisão. Aquele vulto, aquele ser atormentado me busca em sonhos transformando-os em pesadelos escabrosos, conforme os dias passam o tempo em que consigo ficar desperta diminui e hoje, temo que hoje eu não volte a acordar. O monstro, fantasma, demônio ou o que for ama-me e sabendo que pode prender-me, prende-me. Oh, quanto amor restará em meu coração, meu corpo viverá inerte, porém de minha parte não há salvação para minha alma, eternamente aprisionada.
Trecho da carta para Robert Hyller.
“ ...querido, sei que percebeu minha moléstia - embora eu a tentasse esconder - e a forma como ela apoderou-se de meus dias, saiba que confio em você acima de todos. Meu amado, apareceu em minha vida salvando-me do perigo, quão admirável seu ato! Por sua coragem ganhou minha vida, me fazes o ser feliz que sou, mas faça-me um último favor: salve-me novamente! Confesso que não é um pedido simples, mas se me ama como diz mate meu corpo quando eu não mais acordar, somente assim minha alma será salva. Livre-me do mal que me domina! E assim, matando meu coração por saber que não mais o verei, despeço-me de ti. Sejas muito feliz, de quem mais te amou, Cândice Morgan – Hyller.”

sábado, 15 de novembro de 2008

Torpor

"Jurássica história, onde um ser atormentado luta contra sua própria culpa, boba culpa. Memórias de um reduto paraíso que nunca existiu." À espera de um dia melhor, uma vida mais alegre e cativante, onde ninguém o diminui, onde a amizade prevalece, onde a inveja é obsoleta. O mundo, hoje um lugar frio e desonesto, onde a lei do mais forte prevalece, onde os fracos não fazem história; onde não há dignidade absoluta, tampouco verdade. Os olhares demonstram desprezo e egocentrismo, os olhares não percebem a alma, não percebem o sentimento, não vêem os corações. Hoje meu coração bate por obrigação, desejando não mais bater. Afinal, não se vive mais com prazer de viver, todos estamos perdendo a esperança.

O Breve Conto

Madrugada repentina. Um sopro ardente em meu pescoço me desperta retirando-me de meus sonhos débeis, receei haver sentido mãos assediando meu corpo – agora seminu. Qual minha reação se não a de espanto ao ver-me solitária em meu quarto mesmo percebendo a presença de alguém ou alguma coisa que não me era possível decifrar, situação insólita. Desta vez um arrepio tomou conta de mim levando-me a extasiar de desejo em meio a algo desconhecido e sombriamente excitante, por um momento fechei meus olhos – mesmo assim podia enxergar – e então senti aquelas mesmas mãos, agora acariciando meu peito que tremia, eu ofegava e aquele ser me dominava – continuei sem o ver. Subitamente ele desaparecera, abri meus olhos e temi que fosse apenas mais um de meus sonhos tormentosos, porém desta vez eu o desejava - se fosse um sonho tornasse eu a sonhar - aquele ser conhecia meu âmago, minha alma e tudo o que em mim há. Ao passo de cada minuto meu desejo aumentava e quando eu já perdia as esperanças de que ele retornasse avistei um vulto inofensivo perante meu coração e vastamente maldito perante meus olhos, porém não era aquele ser que outrora me enlouquecera, era este uma mulher. Seus olhos de tonalidade cinza quase branco seu olhar gélido, contraditoriamente seu corpo era luxuriosamente quente. Sedutora e atraente aproximava-se de mim e conforme a distancia diminuía me era possível sentir seu corpo ardoroso provocando desejos de luxuriar-se a quem ela escolhesse como caça, pois seus olhos, ah seus olhos, mostravam suas intenções: sede de vingança. Era ela quem usa de seus truques para seduzir pessoas más, e, quando as têm em seu poder as faz sofrer por seus pecados. Quando o frio do olhar daquele ser já me era insuportável fechei meus olhos e ao abri-los, reconheci-me perante o espelho. Havia eu acordado.

Cotidiano

Eu tenho medo da solidão de meu quarto. E todas as vezes em que me deito para dormir, desfaleço em agonia. Agonia que leva minha receosa paz, tornando-me um objeto sobressalto em repugnância a todos os traiçoeiros humanos. Oh, cotidiano.